17 de junho de 2007

EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO NA ERA DO CONHECIMENTO


O advento da globalização incitou uma reorganização do mundo do trabalho, que hoje vive a era do conhecimento, na qual a educação assume papel preponderante para arrostar a nova estruturação mundial.

Tido como o valor essencial das organizações, o conhecimento é intrínseco ao que denominamos capital intelectual que, em uma perspectiva excepcionalmente simplista, pode ser entendido como a inteligência e a criatividade dos profissionais que geram valor para a organização. Acautelo que o conceito de capital intelectual, ainda incipiente, abarca paradigmas mais abrangentes.

Neste contexto globalizado observamos o crescimento de oportunidades de trabalho no setor terciário, reflexo do desenvolvimento científico e tecnológico. Tal desenvolvimento remete a um novo modelo produtivo, exigindo assim uma mudança no perfil do trabalhador: aquele que outrora deveria especializar-se, hoje se apresenta com um perfil múltiplo de competências.

A construção deste sujeito laborioso é então pensada de forma a favorecer sua inserção e permanência no mercado de trabalho, e também a sua atuação como cidadão global. O novo modelo de educação, exigente, continuado e inclusivo, considera aspectos profissionais, sociais, intelectuais, afetivos e éticos, problematizando e contextualizando a informação, de forma a ser significada pelo aluno.

A dinâmica para reformulação da cultura escolar tradicional visa atender as demandas apresentadas através de um processo educativo voltado para a ação. Para isso absorve impressões da virtualidade, possibilitando o aprendizado fora dos limites estabelecidos pelo tempo e espaço. Ao mesmo tempo favorece a personalização do ensino, com adequação ao perfil e ao momento de cada aluno, mas sem comprometer a interação grupal, e isso graças à evolução das Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC’s).

A esta nova realidade denominamos Educação a Distância (EAD), que permite aos seus adeptos cooperarem para o conceito de aprendizagem colaborativa, otimizada pela interação aluno/professor e aluno/aluno. Na EAD o professor deixa o lugar de suposto saber para se tornar o mediador que potencializa o processo ensino/aprendizagem, auxiliando na democratização do ensino, agora focado no aluno, seja ele quem for, e esteja onde estiver.

É inegável a contribuição das TIC’s para este processo evolutivo, entretanto a educação não deve se limitar à adequação tecnológica, reconhecendo que a tecnologia é um meio, e não o fim. Cabe agora a educação influenciar o desenvolvimento das TIC’s, e não o contrário.

Uma outra preocupação está relacionada à formação e atuação da equipe gestora de projetos de EAD, que demandam multiplicidade de olhares, priorização da qualidade e o fluxo das informações, sempre voltados para a formação do sujeito. Padronização e mecanização devem ser suprimidas pela equipe a fim de se evitar a perda de significação do aluno.

Com o Decreto-lei 5.622/2005 a EAD adquiriu credibilidade, embora sua aceitabilidade no Brasil ainda seja embrionária. Já a LDB, inspirada nos ideais de solidariedade, e embasada na Constituição Federal, propõe o pleno desenvolvimento do aluno e seu preparo para o mundo do trabalho, buscando ajustar os princípios constitucionais às situações reais da educação brasileira.

Indicativos, e não resolutivos, decretos e leis tratam a educação de forma generalizada, oferecendo aos educadores possibilidades de contribuírem, com a prática e a experiência adquirida, para a caracterização de uma nova escola, mais autônoma, flexível, responsável, participativa, contextualizada e, sobretudo, democrática. Embora ainda haja muito trabalho a ser feito em prol da EAD no Brasil, a legislação tem contribuído para a alavancagem da democratização do ensino de qualidade no país.
Imagem: Getty Images

Nenhum comentário: